Nota de Repúdio da FASM à publicação da Portaria n° 596/2022

A Frente Ampliada em Defesa da Saúde Mental, Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial vem a público repudiar a Portaria GM/MS Nº 596 de 22 de março de 2022 que susta o programa e o incentivo financeiro de custeio mensal para o Programa de Desinstitucionalização da RAPS evidente tentativa de impossibilitar a implantação e fechamento definitivo […]

Nota de Repúdio

Anotações para uma neurociência crítica: 1. Reducionismos

As Neurociências produziram, nas últimas décadas, uma imponente aceleração na produção do conhecimento sobre o sistema nervoso e suas relações com diversas áreas, principalmente a psiquiatria – de maneira que, mundialmente, a matriz dominante na psicopatologia é a psiquiatria biológica. Esse crescimento está associado a uma “neurocultura” que se construiu a partir do século XIX – o que coincide com as raízes do sujeito neoliberal – em torno da noção de um “sujeito cerebral“, a crença de que os seres humanos são essencialmente redutíveis a seus cérebros. Tanto a neurocultura quanto a psiquiatria biológica tendem a tratar a experiência como um mero epifenômeno da atividade neural (ainda que nós neurocientistas não o façam explicitamente), e o mundo social é tratado de maneira superficial como um “contexto” ou como um conjunto independente de “estímulos externos”. Como resultado dessa perspectiva, a psiquiatria tende a reduzir a experiência subjetiva a listas de sinais e sintomas e o mundo social como um conjunto de comportamento aprendido, contingências sociais, e atitudes.

Esse é o primeiro de uma série de posts em que tentarei traçar alguns rumos para uma neurociência crítica que seja útil para uma retomada da psiquiatria comunitária. Acho que o momento os faz urgentes. Nesse post, começo a pensar o problema do reducionismo.

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Nomearam o novo Coordenador Nacional de Saúde Mental. Um marco simbólico da regressão à época dos manicômios.